Esquerdista favorita em eleição chilena promete 'pragmatismo' com Trump
A candidata de esquerda Jeannette Jara, favorita para a eleição presidencial chilena deste domingo (16), prometeu que manterá uma relação baseada no "pragmatismo e no respeito mútuo" com o governo de Donald Trump, além das diferenças ideológicas.
Em uma entrevista por escrito à AFP, a militante comunista e representante da coalizão de centro-esquerda afirmou "que, além dos discursos ou das posições pessoais, as relações entre ambos os países devem se sustentar no pragmatismo e no respeito mútuo".
Jara, de 51 anos, lidera as pesquisas com ligeira vantagem sobre o ultradireitista José Antonio Kast, que se apresenta como um aliado próximo de Trump, cuja influência na América Latina está em ascensão.
Ambos passariam para o segundo turno previsto para 14 de dezembro.
A candidata de esquerda enfatizou em que pode "pensar muito diferente do presidente Trump", mas que sabe "que ele foi eleito pelo povo americano" e respeita "essa decisão".
Jara também prometeu que, se for eleita, o Chile terá "relações diplomáticas estáveis com todos os países" e que dialogará "quando tiver que dialogar" e defenderá "os interesses de nosso país quando for necessário".
A esquerda chilena manteve relações tensas com os Estados Unidos por décadas devido ao apoio de Washington ao golpe de Estado de 1973 contra o presidente socialista Salvador Allende.
Mais de 3 mil pessoas foram assassinadas e dezenas de milhares foram presas e torturadas durante o regime de Augusto Pinochet, que durou de 1973 a 1990.
Hoje, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Chile.
Durante o governo atual do esquerdista Gabriel Boric, as relações entre os dois países passaram por episódios de tensão.
Recentemente, Santiago teve que negociar um acordo para que a administração Trump excluísse o cobre de sua política de tarifas, apesar do tratado de livre comércio (TLC) que vigora desde 2004 entre os dois países.
Boric também criticou Trump em diversas ocasiões. Recentemente, na COP30 no Brasil, afirmou que "o presidente dos Estados Unidos [...] disse que a crise climática não existe, e isso é mentira".
"O vínculo entre Chile e Estados Unidos é profundo e de longa data. Temos tratados, cooperação tecnológica e um intercâmbio econômico que, na prática, é favorável aos Estados Unidos", destacou Jara.
W.Scott--CT