Calgary Tribune - População de Gaza celebra reconhecimento do Estado palestino como 'vitória moral'

População de Gaza celebra reconhecimento do Estado palestino como 'vitória moral'
População de Gaza celebra reconhecimento do Estado palestino como 'vitória moral' / foto: Eyad BABA - AFP

População de Gaza celebra reconhecimento do Estado palestino como 'vitória moral'

O reconhecimento de um Estado palestino neste domingo (21) por parte do Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal gerou esperança na população de Gaza, apesar do sofrimento da guerra, mas em Israel a decisão simbólica provocou ira e preocupação.

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Para Salwa Mansur, de 35 anos, natural de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e deslocada para Al Mawasi, o reconhecimento "demonstra que o mundo finalmente começa a ouvir nossa voz, e isso, por si só, é uma vitória moral".

"Pode ser o começo de algo maior", afirmou à AFP.

Os anúncios, feitos por países historicamente aliados de Israel, ocorrem no momento em que o país intensificou sua ofensiva na Cidade de Gaza, quase dois anos após o início da guerra desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas em 2023.

Neste domingo, ao menos 32 pessoas morreram na Cidade de Gaza em ataques israelenses, segundo a Defesa Civil local, sob controle do governo do Hamas.

Mohamed Abu Jusa, de 23 anos, de Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, destacou que a série de reconhecimentos "mina a legitimidade de Israel" e dá "um novo impulso de esperança" à causa palestina.

Na Cisjordânia ocupada, porém, alguns palestinos manifestaram ceticismo.

O reconhecimento, por si só, "não é suficiente, porque alguns países já reconheceram a Palestina. Reconheceram há anos, mas não trouxe resultado algum", disse Mohamed Azam, morador de Ramallah.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo que pretende ampliar a colonização na Cisjordânia.

Em Jerusalém, israelenses ouvidos pela AFP expressaram temor e raiva.

Tamar Lomonosov, de 24 anos, residente em Beit Shemesh, cidade próxima a Jerusalém, não acredita que "um lugar vinculado ao terrorismo como Gaza, onde (...) só buscam uma solução para matar e lutar contra Israel (...) deva ser um Estado".

Muriel Amar, uma franco-israelense de 62 anos, disse não entender como "se pode considerar virar a página" enquanto os reféns sequestrados no ataque do Hamas não forem libertados.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual morreram 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.

A ofensiva de represália israelense matou mais de 65.280 palestinos na Faixa de Gaza, também em sua maioria civis, de acordo com números do Ministério da Saúde do território — governado pelo Hamas — que a ONU considera confiáveis.

J.Evans--CT